quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A Rua dos Cataventos - Mario Quintana



Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Uma garota diferente



Ela estava sentada no chão no metrô,
Usando seu All Star vermelho de cano médio
Camiseta dos Stooges (aquela do fun house)
Calça jeans desbotada com o joelho esquerdo de fora
Cabelos curtos e loiros, com uma mecha verde.
Uma das mãos segurava um livro sobre egiptologia
A outra estava no canto da boca, ajudando na concentração.
Consegui notar em seu pescoço parte de uma tatuagem, parecia uma runa nórdica
Seus olhos fixos na leitura, sua expressão de que "nada havia em sua volta"
O fone de ouvido pequeno quase não se notava que passavam por baixo da blusa e chegava a um simples mp3 player
Até aí tudo normal, nem estava interessado. Imagina...
Mas então percebo que estamos passando pela minha parte preferida do trajeto,
Passamos pela árvore mais sublime das redondezas
Quando me dou conta, a moça estava de pé, ao meu lado
Ela estava admirando a árvore também
Olho a minha volta, vejo pessoas sérias, e indiferentes, olhando para seus smartphones
Levanto meu olhar, e seus olhos estavam profundamente nos meus
Sem reação, sem conseguir desviar. Acabei por me afogar em seu olhar
Não consegui escapar daquele par de íris castanho claros
Não entendo o porquê, mas naquele dia me senti hipnotizado.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016


Se tocou o coração, repense o porque de ficar onde está
Pela mudança, pela transformação, por um ideal!
Sempre livre, sempre leve, sempre em frente!
Quem? Como? Esse seria um conselho?
Apenas vamos lembrar de nossa inocência
Do que nos causava alegria plena
Do cheiro da chuva, o barulho do vento
E também do brilho do teu sorriso





 

domingo, 17 de janeiro de 2016

Renitente, talvez

As vezes deixo de dizer o que penso
Sinto que não vale a pena, e nem o tempo gasto
Na maioria das vezes penso diferente
Não sou de me conformar com realidades
Gostaria de poder dizer tudo o que eu penso
Gritaria para o mundo todas as minhas verdades
Faria até as montanhas tremerem diante dos meus desabafos
Faria uma tempestade verbal, sentimental
Poderia assim me sentir leve e tranquilo comigo mesmo
Mas não consigo escrever nada que saia daqui de dentro
O que escrevo? Apenas descrevo. Tudo a minha volta
Me finjo de "morto", que não vejo a verdade
Pois se eu realmente gritar, será que alguém vai escutar?


Fotografado em novembro de 2012, foi neste momento em que eu pensei algo parecido com o que escrevi no texto acima. A ponte ao fundo é de Florianópolis/SC

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Religião do Amor

"As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?"
Mahatma Gandhi


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Desafio 50 dias - Dia 19: Uma foto que defina sua maior qualidade



Dia 19: Uma foto que defina sua maior qualidade

Demorei dias para poder responder essa. Qual minha melhor qualidade? Precisei pedir ajuda para alguns amigos próximos. E realmente o que me falaram precisei admitir que é verdade. Tenho uma maneira diferente de ver o mundo, uma forma positiva. Mesmo nas situações ruins, eu tento achar um lado bom, ou menos ruim. Eu tirei essa foto num dia que uma pessoa estava mal por um motivo muito pessoal. Eu não conseguia fazer ela se alegrar nem um pouco, e como não sei sorrir, acabei desenhando um sorriso para tentar alegrar ela. Ela disse que funcionou. Mas que queria ver um sorriso meu. Eu tentei e foi bem feio, mas valeu a pena. Valeu a alegria de uma pessoa amiga. 


quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Agridoce - Dançando

Eu sei que lá no fundo
Há tanta beleza no mundo
Eu só queria enxergar

As tardes de domingo
O dia me sorrindo
Eu só queria enxergar

Qualquer coisa pra domar
O peito em fogo
Algo pra justificar
Uma vida morna

O mundo acaba hoje e eu estarei dançando
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando
O mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você(2x)

Não esqueço aquela esquina
A graça da menina
Eu só queria enxergar

Por isso eu me entrego
À um imediatismo cego
Pronta pro mundo acabar

Você acredita no depois?
Prefiro o agora
Se no fim formos só nós dois
Que seja lá fora

O mundo acaba hoje e eu estarei dançando







Calabolço

Acumulo momentos. 
Memórias boas, e algumas não tão boas assim.
Aquelas situações que jamais sairão da história, da Tua própria história.
Ver o Sol nascer às 5 da manhã, e pensar que era a nave mãe
Aquela vez do banho de mar no inverno de 0º 
Aquela vez de se perder na trilha e caminhar dois dias apavorado.
Correr de búfalos em uma montanha no meio do nada
Receber aquele não da pessoa amada e tempos depois aceitar isso
Viajar 25 horas em um ônibus e ter um choque térmico ao chegar aos trópicos 
Quando se conhece alguém em um lugar inusitado, e esta pessoa vira irmã de alma.
Algumas bebidas na cara de meninas que nem falam mais comigo
Beber com amigos, sem pensar no ontem, nem no amanhã.
Umas festas que deveria nem ter ido
Outras que não teria sido a mesma coisa sem minha presença
Longas tardes de domingo apenas falando sobre nada em lugar nenhum 
Posso fazer tudo de novo, mas não terá o mesmo valor.
Poder ver o brilho nos olhos de alguém 
Porque o Tempo tempera a vida de uma forma diferente. 
Parece o whisky velho na estante da sala do lado dos livros,
Ou o vinho merlot que está na adega há alguns bons 20 anos.
O tempo melhora os momentos, 
E não é saudade que sinto, nem vontade de fazer novamente.
Apenas aproveita a lembrança da felicidade, do sentimento de liberdade que sinto em alguns raros momentos.
Momentos que minha boca sorri sem eu mandar
Momentos que fazem meu coração ficar leve
Momentos que fazem valer a pena seguir a vida. 
Momentos, apenas acumulo momentos.



Imagem do Bhagavan Ghita

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Desafio 50 dias - Dia 18: Uma foto de um vício

Desafio 50 dias - Dia 18: Uma foto de um vício

Definitivamente meu maior vício é ouvir música. 
A foto que eu escolhi é uma prova disso. 
Não lembro bem, mas acredito que ela é de 2010. 
Eu estava no parque ouvindo música. 
Estava um dia lindo, as pessoas estavam andando de bicicleta, skate, correndo, jogando bola e tudo mais. Mas eu só quis sair de casa pra ir sentar no meu mesmo banco de sempre e ouvir minhas músicas no volume máximo. Assim não precisaria ouvir mais ninguém. 
Eu sempre faço isso. Necessito ficar sozinho com minhas músicas. Assim consigo pensar, refletir e analisar muitas coisas, que as vezes não consigo com todo o mundo em volta.  
Neste dia estava curtindo um superguidis quando de repente tenho aquela sensação de: estão me observando.
E não é que era a Maira m fotografando de longe, sem eu perceber. 
Ela estava com a Dani, as duas são minhas amigas desde a adolescência. Elas não tinham me reconhecido com o boné. E pensaram em ir falar com o rapaz que estava muito sozinho no meio da multidão. O resto do dia foi muito bacana, conversamos, rimos, comemos e bebemos. 
Sinto falta destes dias. 

Fotografado por Maira Souza 

Obs.: a foto é antiga, então não zoem. 





terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Desafio 50 dias - Dia 17: A foto que represente um medo

A foto que represente um medo

Por mais que eu queira parecer corajoso e "machão", eu tenho medo de não viver.
Não falo da morte, mas de não aproveitar a vida.
Deve ser ruim viver apenas por viver. Trabalhar, estudar, trabalhar mais, comprar, se manter no sistema como um bom cidadão. E também sustentar o sistema né. Me sinto sugado. Meu esforço precisa me trazer algo além do "mero merecimento".
Tem pessoas que tem ganância de dinheiro, de status, beleza. Eu desejo caminhar em lugares diferentes, conhecer novos sorrisos, novas histórias, novos mundos. Não me importo se for bem ou mal financeiramente. Se estiver de terno ou com meu velho moletom cinza(melhor ainda se for esse).
Então sim. Não tenho medo da morte, e sim de não ter aproveitado este conjunto de momentos que chamamos de vida.
A imagem fala por si. Pelo menos eu fico pensando e refletindo sobre o valor que dou a minha vida, e ao que realmente me importa. Quero poder cultivar valores no meu coração. E sei que só posso fazer isso se não desistir de viver.
Essa é uma das fotos mais famosas do mundo. Ela é de 1997, e retrata três senhoras com doenças terminais que estavam prestes a morrer e se juntaram para falar sobre a vida(queria muito saber o que falaram). O momento foi registrado pelo fotógrafo holandês Kucker Vara. 



sábado, 2 de janeiro de 2016

Já viveu hoje?

Hoje eu vi o Sol nascer
Pude tomar um chimarrão enquanto ouvia os pássaros livres saudando a vida
Hoje eu tomei um café bem forte na janela do quarto
Já dei ração para as gatas, e reguei as plantas também
Li um pouco do meu livro da vez, e podei alguns arbustos no jardim da minha avó
Mandei uma mensagem para um amigo, mandei um abraço também
Agora são 10:56 e sinto que já vivi bastante, e ainda quero mais
Como dizia Edgard Scandurra: Eu sempre quero mais, eu sempre espero mais...