sábado, 31 de outubro de 2015

Nota mental 9

''Se um sentimento pode ser tão poderoso a ponto de unir duas pessoas. Então acredito que o Amor pode sim salvar a humanidade"




sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Desafio 50 dias

Daqui exatamente sete dias eu entro em um ciclo novo de vida.
Faço 25 anos no dia 6 de novembro.
Sinceramente isso me apavora. Pois por muitas vezes sinto que o tempo passa e que eu fico estagnado. Mas em várias destas vezes eu também me lembro de que este "viver" imposto pelos sistemas não me agradam e também me fazem sair do meu rumo. Pois eu gosto da minha vida do jeito que a levo. Sem pressa, nem com tantas ambições. Claro que se fosse possível eu ter uma enterprise eu teria. Mas fora isso tudo certo.
Há alguns meses atrás parei de acessar o facebook com o intuito de fazer o desafio 50 dias.
O desafio é postar uma foto por dia durante 50 dias. Para isso se usa uma lista com um tema de foto para cada dia.
Como eu queria ficar um tempo sem acessar o facebook(pois realmente eu sinto que perco tempo de vida nesta "realidade" virtual), aproveitei para modificar o desafio, e ao invés de postar as fotos no facebook, eu postaria no meu blog faria um texto contando a história da fotografia.
Como estou completando 1/4 de século acredito que será bacana fazer isso aqui para ter uma recordação do meu nível de maturidade nesta época.
Pois nos textos quero colocar minhas opiniões atuais. Então minha ideia é começar a publicar as fotos amanhã e finalmente cumprir esta meta que já está na fila há alguns anos.
Tentarei publicar fotografias minhas. Mas se acontecer de ter de publicar algo muito difícil vou pegar da internet mesmo.  
Vou colocar aqui a lista das 50 fotos que terei que postar.
Peguei a lista numa página do facebook há mais de um ano, então pode estar diferente. Mas não faz mal.
Publicarei sempre as 23:30 pois é o horário que eu tenho tempo para tal.

Dia 1: Uma foto sua com 15 ou 10 anos
Dia 2: Uma foto do seu momento preferido da História (da sua ou em geral)
Dia 3: Uma foto da sua cantora/cantor preferido
Dia 4: Uma foto que represente seu maior defeito
Dia 5: Uma foto da sua estação preferida
Dia 6: Uma foto que te dá saudade
Dia 7: Uma foto de um sonho
Dia 8: A foto de algo que você gostaria de estar fazendo agora
Dia 9: A foto de alguém que marcou a sua vida
Dia 10: Uma foto antiga da sua família
Dia 11: Uma foto de algo que lembre seu Ensino Fundamental
Dia 12: Uma foto que define sua faculdade, ou a que quer fazer
Dia 13: Um foto da sua profissão
Dia 14: A figura de um sonho de consumo
Dia 15: A foto de um irmão/irmã de alma
Dia 16: Uma foto de quem te ensinou muitos valores
Dia 17: A foto que represente um medo
Dia 18: Uma foto de um vício
Dia 19: Uma foto que defina sua maior qualidade
Dia 20: Uma foto que represente um arrependimento
Dia 21: A foto de uma das maiores loucuras que você já fez
Dia 22: A foto de quem você quer passar a vida inteira junto
Dia 23: Uma foto de alguma loucura de amor que você faria
Dia 24: A figura que represente algum presente que você gostaria de ganhar
Dia 25: Uma foto de quem te faça rir
Dia 26: Foto de um presente que você nunca gostaria de ganhar
Dia 27: A foto de um programa de TV ou Filme que você gostaria de participar
Dia 28: A foto de um livro que você ama
Dia 29: Uma figura que represente um hobby
Dia 30: Uma foto que fale muito sobre você
Dia 31: A foto da sua melhor idade
Dia 32: Uma foto que represente o ano atual
Dia 33: A foto de algo/alguém que fez valer seu ano passado
Dia 34: Uma foto que represente seu pedido para o atual ano
Dia 35: Alguma habilidade, representada em foto
Dia 36: A foto de algo que gostaria de aprender
Dia 37: Uma foto de algo que tenha dificuldade em fazer
Dia 38: Uma foto de um ídolo
Dia 39: Uma foto sua, que você tenha vergonha
Dia 40: Uma foto de alguma celebridade que você escolheria como futuro marido/esposa
Dia 41: A foto de um carro que gostaria de ter
Dia 42: Uma foto que represente sua música preferida
Dia 43: Alguma figura que represente algo que você nunca faria
Dia 44: Uma foto de sua comida preferida
Dia 45: Uma foto do seu jogo preferido
Dia 46: Alguma foto de onde você gostaria de morar
Dia 47: Uma foto de alguém com que você trocaria de vida, pra sempre
Dia 48: Uma foto que represente algo que gostaria de cortar na sua vida
Dia 49: A foto de algo que nunca poderia viver sem
Dia 50: Uma foto de alguém por quem você arriscaria sua vida

Ninguém = Ninguém

"Me espanta que tanta gente minta... (Descaradamente) a mesma mentira"

"Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais que os outros"
Engenheiros do Hawaii 


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Nota mental 8

Se Tu soubesses o bem que fez ao entrar na minha vida, jamais sairia dela. 

Tão doce quanto o mel - Anderson Dagen



Qual será a sensação de sentir teus lábios tocarem os meus?
Será tão doce quanto o mel?
Será que sentirei o tal frio na barriga que muitos poetas falavam?
Acredito que neste momento o tempo simplesmente sumirá
Nem tempo, nem pensamentos. Sem passado ou futuro
Apenas teus lábios de mel tocando os meus

Meu melhor presente

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Da tranquilidade da alma

"Deve-se ter uma cuidadosa escolha dos homens, para sabermos quais são dignos de que lhes consagremos uma parte de nossa vida ou se é proveitoso que com eles percamos tempo, pois alguns nos imputam como dever aquilo que voluntariamente lhes concedemos"
Sêneca 

Fonte da Imagem: wikimedia
Trecho retirado do livro "da tranquilidade da alma - Sêneca

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Nota mental 7

"Muitas situações que foram amargas Se tornam doces lembranças"


Infinita Highway

Heey amigo.
Lembra-te daquele dia da infinita highway? 
Eu disse que já não sabia o que fazer. Tu apenas riu 
Como eram bons os tempos passados
As conversas da madrugada, 
As caminhadas espontâneas por aí
As subidas ao morro
As músicas cantadas, tocadas e escutadas. 
Obrigado por nunca se afastar tanto. 
Tivemos as desavenças e resolvemos como homens.
Sempre teremos nossas conversas para contar
E ainda temos muitas para viver
Espero que nossos corações continuem assim. Jovens!
Porém com a maturidade que recebemos
Depois de tantas montanhas e dragões
Precisamos de mais não é? 
Paz

Fotografado  em 24/03/2012 no Morro Ferrabrás em Sapiranga/RS
Fotografado em novembro/2012 em Antonio Carlos/SC

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Nota metal 6

"O sorriso daquela menina  coloriu meu dia cinza"

Juras e promessas - Anderson Dagen

Vamos sair à noite
Levo-te uma rosa e um cartão
Deitamos na grama e falamos em vão
Vemos as estrelas brilhando na escuridão
Trocamos sonhos e desejos
Fizemos juras e promessas
Destas que nunca se esquecerão  


Fotografado em Maio/2014


terça-feira, 20 de outubro de 2015

O Preço - Anderson Dagen

Já era tarde da noite quando Ricardo olhou para as horas em seu relógio de parede depois de horas lendo e refletindo. Sentado na sacada de seu apartamento, percebia a cidade calma. Ficou ali admirando as silhuetas dos antigos prédios da cidade. As sacadas desenhadas, as janelas com acabamentos decorativos. Eram todos bonitos, porém esquecidos. Pensava em quantas histórias eles podiam ter. Pensava na frieza das pessoas em não pensar assim. Bebeu seu último gole de vinho que estava em sua caneca especial de leitura e levantou. Ouviu alguns ossos estralarem. Quanto tempo havia ficado ali mesmo? Olhou para o relógio novamente e o espanto de ver que já se passavam das 3 da manhã. Olhou novamente o semblante da cidade que parecia lhe dar boa noite e virou devagar para o lado da porta. Foi então que, pelo canto do olho viu algo diferente naquela fria e escura noite de outono. Algo que não combinava com nada ao seu redor. Pareciam fadas dançando no breu da noite, ou apenas bolas de luzes flutuando e sendo levadas pelo vento (um fato apenas para esclarecer, naquela noite não ventava). Lembrou-se da história do Peter Pan, Mas não tinha bebido tanto vinho a ponto de crer em algo assim.
 Ricardo então esfregou os olhos, como se faz quando recém acorda e a vista fica embaralhada. Mas elas estavam ali, bem ali. Pareciam vivas, e se movimentavam em espirais pelo ar logo a frente do prédio vizinho. Entrou depressa no quarto, vestiu o casaco e desceu. Nem trancou a porta de tão apressado que estava. Saindo do seu prédio, virou a esquina para ver se ainda estavam ali, mas nada. Nenhuma fada ou luz brilhante no céu. Sentiu o vento frio da madrugada entrando pela gola do casaco. Olhou em volta e nada, apenas uma janela do prédio com luzes acesa. Seria um devaneio de sua mente? mais uma das tantas peças que ela lhe pregava.
 Ricardo estava confuso, com frio e ao mesmo tempo entusiasmado. Sempre fora curioso com tudo. Queria saber se o que tinha visto era verdade. Caminhou em direção do prédio vizinho, olhando para cima. Se alguém o avistasse daquele jeito diria que estava caçando óvnis. Mas nada avistou. Olhou para os lados e viu somente as ruas desertas. Já estava voltando cabisbaixo quando de repente algo molhado tocou sua nuca. Era um pingo gelado. Olhou para cima e quase não acreditou no que viu. Era uma chuva de bolas de sabão. Todas coloridas e brilhantes refletindo as luzes amarelas dos postes. Ouviu risadas e percebeu que numa sacada logo acima estavam duas meninas em cima de um banquinho soprando as bolinhas em sua direção. Ricardo apenas sorriu e devolveu as risadas.
 Ficou ali alguns minutos observando elas quando de repente da sacada desceu um avião de papel que pousou perto de Ricardo. Ele caminhou até lá e desfez as dobras. Estava escrito: Mesmo nas trevas existem cores. e no verso do papel um "boa noite".

 Olhou para cima, a sacada estava vazia. As luzes apagadas. Era isso. Sentia algo dentro do peito que não sabia dizer o que era. Voltou para o apartamento com o avião de papel em mãos. Sentia que depois que acordasse no outro dia não saberia se aquilo teria sido um sonho ou algo real.  

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Os devaneios do general - Erico Verissimo

Abre-se uma clareira azul no escuro céu de inverno.

O sol inunda os telhados de Jacarecanga. Um galo salta para cima da cerca do quintal, sacode a crista vermelha que fulgura, estica o pescoço e solta um cocoricó alegre. Nos quintais vizinhos outros galos respondem.
 O sol! As poças d’água que as últimas chuvas deixaram no chão se enchem de jóias coruscantes. Crianças saem de suas casas e vão brincar nos rios barrentos das sarjetas. Um vento frio afugenta as nuvens para as bandas do norte e dentro de alguns instantes o céu é todo um clarão de puro azul.
 O General Chicuta resolve então sair da toca. A toca é o quarto. O quarto fica na casa da neta e é o seu último reduto. Aqui na sombra ele passa as horas sozinho, esperando a morte. Poucos móveis: a cama antiga, a cômoda com papeis velhos, medalhas, relíquias, uniformes, lembranças; a cadeira de balanço, o retrato do Senador; o busto do Patriarca; duas ou três cadeiras… E recordações… Recordações dum tempo bom que passou, — patifes! — dum mundo de homens diferentes dos de hoje. — Canalhas! — duma Jacarecanga passiva e ordeira, dócil e disciplinada, que não fazia nada sem primeiro ouvir o General Chicuta Campolargo.
 O general aceita o convite do sol e vai sentar-se à janela que dá para a rua. Ali está ele com a cabeça atirada para trás, apoiada no respaldo da poltrona. Seus olhinhos sujos e diluídos se fecham ofuscados pela violência da luz. E ele arqueja, porque a caminhada do quarto até a janela foi penosa, cansativa. De seu peito sai um ronco que lembra o do estertor da morte.
 O general passa a mão pelo rosto murcho: mão de cadáver passeando num rosto de cadáver. Sua barbicha branca e rala esvoaça ao vento. O velho deixa cair os braços e fica imóvel como um defunto.
 Os galos tornam a cantar. As crianças gritam. Um preto de cara reluzente passa alegre na rua com um cesto de laranjas à cabeça.
 Animado aos poucos pela ilusão de vida que a luz quente lhe dá, o general entreabre os olhos e devaneia…
 Jacarecanga! Sim senhor! Quem diria? A gente não conhece mais a terra onde nasceu… Ares de cidade. Automóveis. Rádios. Modernismos. Negro quase igual a branco. Criado tão bom como patrão. Noutro tempo todos vinham pedir a benção ao General Chicuta, intendente municipal e chefe político… A oposição comia fogo com ele.
 O general sorria a um pensamento travesso. Naquele dia toda a cidade ficou alvoroçada. Tinha aparecido na “Voz de Jacarecanga” um artigo desaforado… Não trazia assinatura. Dizia assim: “A hiena sanguinária que bebeu o sangue dos revolucionários de 93 agora tripudia sobre a nossa mísera cidade desgraçada”. Era com ele, sim, não havia dúvida. (Corria por todo o Estado a sua fama de degolador.) Era com ele! Por isso Jacarecanga tinha prendido fogo ao ler o artigo. Ele quase estourou de raiva. Tremeu, bufou, enxergou vermelho. Pegou o revólver. Largou. Resmungou “Patife! Canalha!” Depois ficou mais calmo. Botou a farda de general e dirigiu-se para a Intendência. Mandou chamar o Mendanha, diretor do jornal. O Mendanha veio. Estava pálido. Era atrevido mas covarde. Entrou de chapéu na mão, tremendo. Ficaram os dois sozinhos, frente a frente.

— Sente-se, canalha!

O Mendanha obedeceu. O general levantou-se. (Brilhavam os alamares dourados contra o pano negro do dólmã.) Tirou da gaveta da mesa a página do jornal que trazia o famoso artigo. Aproximou-se do adversário.

— Abra a boca! — ordenou.

Mendanha abriu, sem dizer palavra. O general picou a página em pedacinhos, amassou-os todos numa bola e atochou-a na boca do outro.

— Come! — gritou.

Os olhos de Mendanha estavam arregalados. O sangue lhe fugira do rosto.

— Coma! — sibilou o general.

Mendanha suplicava com o olhar. O general encostou-lhe no peito o cano do revolver e rosnou com raiva mal contida.

— Coma, pústula!

E o homem comeu.

Um avião passa roncando por cima da casa, cujas vidraças trepidam. O general tem um sobressalto desagradável. A sombra do grande pássaro se desenha lá em baixo, no chão do jardim. O general ergue o punho para o ar, numa ameaça.

— Patifes! Vagabundos, ordinários! Não têm mais o que fazer? Vão pegar no cabo duma enxada, seus canalhas. Isso não é serviço de homem macho.

Fica olhando, com olho hostil, o avião amarelo que passa voando rente aos telhados da cidade.

No seu tempo não havia daquelas engenhocas, daquelas malditas máquinas. Para que servem? Para matar gente. Para acordar quem dorme. Para gastar dinheiro. Para a guerra. Guerras covardes, as de hoje! Antigamente brigava-se em campo aberto, peito contra peito, homem contra homem. Hoje se metem os poltrões nesses “banheiros” que voam, e lá de cima se põem a atirar bombas em cima da infantaria. A guerra perdeu toda a sua dignidade.

O general remergulha no devaneio.

93… Foi lindo. O Rio Grande inteiro cheirava a sangue. Quando se aproximava a hora do combate, ele ficava assanhado. Tinha perto de cinqüenta anos mas não se trocava por nenhum rapaz de vinte.
Por um instante, o general se revê montado no seu tordilho, teso e glorioso, a espada chispando ao sol, o pala voando ao vento… Vejam só! Agora está aqui, um caco velho, sem força nem serventia, esperando a todo instante a visita da morte. Pode entrar. Sente-se. Cale a boca!

Morte… O general vê mentalmente uma garganta aberta sangrando. Fecha os olhos e pensa naquela noite… Naquela noite que ele nunca mais esqueceu. Naquela noite que é uma recordação que o há de acompanhar decerto até o outro mundo… se houver outro mundo.

Os seus vanguardeiros voltaram contando que a força revolucionária estava dormindo desprevenida, sem sentinelas… Se fizessem um ataque rápido, ela seria apanhada de surpresa. O general deu um pulo. Chamou os oficiais. Traçou o plano. Cercariam o acampamento inimigo. Marchariam no maior silêncio e, a um sinal, cairiam sobre os “maragatos”. Ia ser uma festa! Acrescentou com energia: “Inimigo não se poupa. Ferro neles!”

Sorriu um sorriso torto de canto de boca. (Como a gente se lembra dos mínimos detalhes…) Passou o indicador da mão direita pelo próprio pescoço, no simulacro duma operação familiar… Os oficiais sorriam, compreendendo. O ataque se fez. Foi uma tempestade. Não ficou nenhum prisioneiro vivo para contar dos outros. Quando a madrugada raiou, a luz do dia novo caiu sobre duzentos homens degolados. Corvos voavam sobre o acampamento de cadáveres. O general passou por entre os destroços. Encontrou conhecidos entre os mortos, antigos camaradas. Deu com a cabeça dum prisioneiro fincada no espeto que na tarde anterior servira aos maragatos para assar churrasco. Teve um leve estremecimento. Mas uma frase soou-lhe na mente: “Inimigo não se poupa”.

O general agora recorda… Remorso? Qual! Um homem é um homem e um gato é um bicho.

Lambe os lábios gretados. Sede. Procura gritar:

— Petronilho!

A voz que sai da garganta é tão remota e apagada que parece a voz de um moribundo, vinda do fundo do tempo, dum acampamento de 93.

— Petronilho! Negro safado! Petronilho!

Começa a bater forte no chão com a ponta da bengala, frenético. A neta aparece à porta. Traz nas mãos duas agulhas vermelhas de tricô e um novelo de lã verde.
— Que é, vovô?

— Morreu a gente desta casa? Ninguém me atende. Canalhas! Onde está o Petronilho?

— Está lá fora, vovô.

— Ele não ganha pra cuidar de mim? Então? Chame ele.

— Não precisa ficar brabo, vovô. Que é que o senhor quer?

— Quero um copo d’água. Estou com sede.

— Por que não toma suco de laranja?

— Água, eu disse.

A neta suspira e sai. O general entrega-se a pensamentos amargos. Deus negou-lhe filhos homens. Deu-lhe uma única filha mulher que morreu no dia em que dava à luz uma neta. Uma neta! Por que não um neto, um macho? Agora aí está a Juventina, metida o dia inteiro com tricôs e figurinos, casada com um bacharel que fala em socialismo, na extinção dos latifúndios, em igualdade. Há seis anos nasceu-lhe um filho. Homem, até que enfim! Mas está sendo mal educado. Ensinam-lhe boas maneiras. Dão-lhe mimos. Estão a transformá-lo num maricas. Parece uma menina. Tem a pele tão delicada, tão macia, tão corada… Chiquinho… Não tem nada que lembre os Campolargos. Os Campolargos que brilharam na guerra do Paraguai, na Revolução de 1893 e que ainda defenderam o governo em 1923…

Um dia ele perguntou ao menino:

— Chiquinho, você quer ser general como o vovô?

— Não. Eu quero ser doutor como o papai.

— Canalhinha! Patifinho!

Petronilho entra, trazendo um copo de suco de laranja.

— Eu disse água! — sibila o general.

O mulato sacode os ombros.

— Mas eu digo suco de laranja.

— Eu quero água. Vá buscar água, seu cachorro!

Petronilho responde sereno:

— Não vou, general de bobagem…

O general escabuja de raiva, esgrime a bengala, procurando inutilmente atingir o criado. Agita-se todo, num tremor desesperado.

— Canalha! — cicia arquejante — Vou te mandar dar umas chicotadas!

— Suco de laranja — cantarola o mulato.

— Água! Juventina! Negro patife! Cachorro!

Petronilho sorri:

— Suco de laranja, seu sargento!

Com um grito de fera o general arremessa a bengala na direção do criado. Num movimento ágil de gato, Petronilho quebra o corpo e esquiva-se do golpe.

O general se entrega. Atira a cabeça para trás e, de braços caídos, fica todo trêmulo, com a respiração ofegante e os olhos revirados, uma baba a escorrer-lhe pelos cantos da boca mole, parda e gretada.

Petronilho sorri. Já faz três anos que assiste com gozo a esta agonia. Veio oferecer-se de propósito para cuidar do general. Pediu apenas casa, comida e roupa. Não quis mais nada. Só tinha um desejo: ver os últimos dias da fera. Porque ele sabe que foi o general Chicuta Campolargo que mandou matar o seu pai. Uma bala na cabeça, os miolos escorrendo para o chão… Só porque o mulato velho na última eleição fora o melhor cabo eleitoral da oposição. O general chamou-o a intendência. Quis esbofeteá-lo. O mulato reagiu, disse-lhe desaforos, saiu altivo. No outro dia…

Petronilho compreendeu tudo. Muito menino, pensou na vingança mas, com o correr do tempo, esqueceu. Depois a situação política da cidade melhorou. O general aos poucos foi perdendo a autoridade. Hoje os jornais já falam na “hiena que bebeu em 93 o sangue dos degolados”. Ninguém mais dá importância ao velho. chegou aos ouvidos de Petronilho a notícia de que a fera agonizava. Então ele se apresentou como enfermeiro. Agora goza, provoca, desrespeita. E fica rindo… Pede a Deus que lhe permita ver o fim, que não deve tardar. É questão de meses, de semanas, talvez até de dias… O animal passou o inverno metido na toca, conversando com os seus defuntos, gritando, dizendo desaforos para os fantasmas, dando vozes de comando: “Romper fogo! Cessar Fogo! Acampar”.

E recitando coisas esquisitas. “V. Exa. precisa de ser reeleito para glória do nosso invencível Partido”. Outras vezes olhava para o busto e berrava: “Inimigo não se poupa. Ferro neles”.

Mais sereno agora, o general estende a mão pedindo. Petronilho dá-lhe o copo de suco de laranja. O velho bebe, tremulamente. Lambendo os beiços, como se acabasse de saborear o seu prato predileto, o mulato volta para a cozinha, a pensar em novas perversidades.

O general contempla os telhados de Jacarecanga. Tudo isto já lhe pertenceu… Aqui ele mandava e desmandava. Elegia sempre os seus candidatos; derrubava urnas, anulava eleições. Conforme a sua conveniência, condenava ou absolvia réus. Certa vez mandou dar uma sova num promotor público que não lhe obedeceu à ordem de ser brando na acusação. Doutra feita correu a relho da cidade um juiz que teve o caradurismo de assumir ares de integridade de opor resistência a uma ordem sua.

Fecha os olhos e recorda a glória antiga.

Um grito de criança. O general baixa os olhos. No jardim, o bisneto brinca com os pedregulhos do chão. Seus cabelos louros estão incendiados de sol. O general contempla-o com tristeza e se perde em divagações…

Que será o mundo de amanhã, quando Chiquinho for homem feito? Mais aviões cruzarão nos céus. E terá desaparecido o último “homem” da face da terra. Só restarão idiotas efeminados, criaturas que acreditam na igualdade social, que não têm o sentido da autoridade, fracalhões que não se hão de lembrar dos feitos dos seus antepassados, nem… Oh! Não vale a pena pensar no que será amanhã o mundo dos maricas, o mundo de Chiquinho, talvez o último dos Campo largos!

E, dispnéico, se entrega de novo ao devaneio, adormentado pela carícia do sol.

De repente, a criança entra de novo na sala, correndo, muito vermelho:

— Vovô! Vovô!

Traz a mão erguida e seus olhos brilham. Faz alto ao pé da poltrona do general.

— A lagartixa, vovozinho…

O general inclina a cabeça. Uma lagartixa verde se retorce na mãozinha delicada, manchada de sangue. O velho olha para o bisneto com ar interrogador. Alvorotado, o menino explica:

— Degolei a lagartixa, vovô!

No primeiro instante o general perde a voz, no choque da surpresa. Depois murmura, comovido:

— Seu patife! Seu canalha! Degolou a lagartixa? Muito bem. Inimigo não se poupa. Seu patife!


E afaga a cabeça do bisneto, com uma luz de esperança nos olhos de sáurio.



Fonte: Livro "Entrevero", L&PM Editores 1984

CONSUMO DE CARNE VERSUS VEGETARIANISMO - Paramahansa Yogananda

                        
por: Paramahansa Yogananda

A questão do consumo da carne e do vegetarianismo é assunto muito complicado e controverso, por isto vou apresentar os vários argumentos oferecidos pelos seguidores dos “cultos” dos açougueiros e dos vegetarianos, e acrescentar no fim, se possível, minhas próprias opiniões a respeito de ambos. O que direi será governado pelas necessidades atuais do mundo, e acredito que nunca poderá ser dada uma visão absoluta, que seja boa para todos os tempos e para todas as pessoas:
A origem do consumo de carne
Ao ver o peixe grande comer o peixe pequeno, a lagartixa recém-nascida pular sobre o pequeno inseto e engoli-lo, e o tigre e o leão, mais fortes, caçarem animais menores, o homem viu nisto o dedo indicador da Natureza, e começou a comer a carne de animais que satisfaziam o seu paladar.
O elefante e o rinoceronte são tão fortes quanto o leão e o tigre, e apesar disto são vegetarianos. O homem aprendeu a comer vegetais e desenvolveu o instinto de alimentar-se de vegetais ao ver as criaturas da Natureza que também consomem vegetais.
Como encontramos, no seio da Natureza, mais animais carnívoros do que vegetarianos, também vemos pessoas sobrevivendo mais de carne do que apenas de vegetais. Muitas pessoas dizem que comer carne produz câncer e diminui o tempo de vida. Eu acredito que o consumo excessivo de carne tende a produzir mais doenças do que o consumo excessivo de vegetais.
O elefante e a tartaruga, que consomem vegetais, vivem por muito tempo. As vacas comem vegetais, porém morrem cedo; cães comem vegetais, mas também comem uma quantidade maior de carne, e vivem pouco tempo também. Os crocodilos comem frugalmente carne e jejuam por longos períodos de tempo, e vivem até 600 anos ou mais. Sabe-se que alguns iogues que comiam vegetais e que conheciam a super-arte de viver, viveram mais de 600 anos.
Longevidade não depende somente de alimentar-se corretamente, mas também de se respirar menos, de não sobrecarregar o coração, da eliminação apropriada, do controle da força sexual e do correto recarregamento do corpo a partir da Fonte Divina.

A interdependência da vida
No seio da Natureza, vemos que os vegetais consomem os elementos químicos do solo, e as aves, os animais e os seres humanos comem vegetais e animais. Os vegetais gostam de fertilizantes de origem animal, como o sangue seco e os ossos de corpos animais em estado de putrefação, enquanto os animais comem a carne humana. Seres humanos comem animais, vegetais e elementos químicos do solo através da comida e dos remédios; a grande e velha Terra está sempre faminta e é canibal, uma vez que de seu útero vêm todos os elementos químicos que compõem os seres vivos, e em seu grande estômago devorador todos vegetais, animais e humanos devem retornar. Isto mostra que a Terra voraz, os vegetais, os animais e os seres humanos são ao mesmo tempo vegetarianos e carnívoros.

As diferenças entre vegetais e a carne
Vegetais e animais são diferentes apenas no grau de manifestação da vida. O Prof. J. C. Bose, da Índia, provou que os vegetais têm um sistema nervoso que responde a um estimulo favorável através do prazer, e a uma influência desfavorável através da dor. Eles têm batimento cardíaco, sistema circulatório, pressão da seiva e uma vida central, em certas células das raízes – o cérebro dos vegetais. Ampute um dedo seu e você não morrerá, corte um galho e a planta não morrerá, mas remova o cérebro humano e o corpo que o continha morrerá, exatamente como ocorre quando se corta a raiz de uma planta: ela morre.
Assim como os animais respondem a certos tratadores, os vegetais crescem em abundância sob certas vibrações humanas benignas, e definham ou crescem pouco quando cultivados por pessoas com vibrações erradas. Pode-se anestesiar uma planta, fazer com que sinta prazer ou dor, ou até envenená-la e matá-la. Cortar a cabeça de uma couve-flor é o mesmo que cortar a cabeça de um carneiro. Instrumentos de precisão desenvolvidos pelo Prof. Bose nos mostram a dor e a agonia da morte em plantas torturadas ou moribundas. Um pedaço de estanho pode sentir prazer ou dor, e pode expressar suas emoções através de instrumentos sensíveis feitos pelo homem. A couve-flor abatida só pode expressar sua agonia pré-morte através dos instrumentos do Prof. Bose. Os metais e as plantas torturados não podem falar. Alguns peixes expressam sua agonia através de um grito agudo e curto. Aves e animais manifestam seus problemas através de diferentes sons específicos. O homem se aproveita do fato de que ele não entende a linguagem dos animais e os mata contra a vontade deles.
O homem civilizado não tem direito de matar os animais ou os silvícolas, somente porque não entende a linguagem deles. Mas, do ponto de vista de resposta a dor, o homem é a manifestação mais sensível da vida. Depois do homem, segundo a sensibilidade, vêm os diferentes graus de animais, peixes, plantas e minerais. O carneiro e o frango, quando estão sendo mortos, sofrem menos do que os animais que resistem e se ressentem, como o boi e o porco. A maior parte dos peixes desistem rapidamente quando estão sendo mortos.
Não há dúvida de que o ser humano possui o sistema nervoso mais sensível, através do qual ele recebe e responde a estímulos na forma de prazer ou dor. Os animais são bem menos sensíveis e sentem menos dor e prazer. O animal, sendo menos sensível do que o homem, sente menos dor do que os seres humanos durante a morte.
O sistema nervoso das plantas é bem menos desenvolvido do que o sistema nervoso dos animais. Os minerais são menos sensíveis a estímulos do que as plantas. Uma martelada pode matar uma planta, um animal ou um homem, mas não consegue facilmente extrair a Força Vital de um tenaz e menos sensível metal. No entanto, por meio de repetidas batidas, até mesmo os metais perdem sua tenacidade ou atributos da vida. Portanto, do ponto de vista da expressão através de sons e da sensibilidade do sistema nervoso, pode-se dizer racionalmente que o homem sofre mais quando é morto; que o boi sob o machado sofre mais do que o carneiro ou o frango, que o peixe sob a faca sofre menos do que o carneiro, e que os vegetais, quando comparados, sofrem muito menos do que o peixe, os animais e o homem.
O canibalismo não existe apenas entre os homens, mas também entre as plantas, as aves e os animais. Lobos comem lobos. Os indígenas Jivaro comem seus prisioneiros de guerra e poupam o custo de manutenção e de despesas com a compra de carne. Eles encolhem as cabeças de seus inimigos prisioneiros até o tamanho de uma bola de tênis e as guardam como troféus de guerra, assim como caçadores penduram a cabeça dos animais que eles mataram.
O consumo de carne obviamente não pode ser condenado sob o ponto de vista de ser um ato de matar, porque o consumo de vegetais e frutas também envolve a retirada da vida; o que é palpável é que a matança de animais desperta muito mais a nossa consciência e sensibilidade humanas do que a matança de vegetais e o descascamento e a mastigação das frutas. A maior parte dos consumidores de carne bovina desistiriam de comer carne se tivessem que matar os animais para obtê-la; mas nenhum vegetariano se importaria em descascar os vegetais e cortar as cabeças das cenouras ou de qualquer outro vegetal. O fato de que a matança de animais implica derramar sangue e produzir dor demonstra claramente que os animais são parentes próximos do homem e estão se aproximando dele na escala evolutiva.
Os vegetais não gritam de dor nem derramam sangue quando são mortos. Do ponto de vista da sensibilidade humana, podemos dizer que é menos dolorido matar um vegetal do que um animal. As almas adiantadas hesitam até em remover as cabeças das rosas de seus corpos vegetais que florescem em jardins domésticos, da mesma maneira como as outras almas odeiam matar seus animais de estimação para obtenção da carne.
Carne é alimento concentrado e é fortalecedora, mas é também altamente constipante e age como retentora dos venenos corporais, sendo assim precursora de doenças. Os vegetais têm de ser ingeridos com mais paciência e não são tão concentrados quanto a carne; por isto a ingestão inapropriada de vegetais não é boa fonte de energia. Frutas e vegetais, tendo um efeito laxativo natural, favorecem a saúde e a eliminação das doenças.
Os iogues da Índia opõem-se à ingestão de carne, enquanto os seguidores do Tantra advogam seu uso. As nações que comem carne são, em geral, politicamente livres. A Índia é vegetariana e não tem sido forte o suficiente para dispersar invasões estrangeiras. Os americanos estão sofrendo de obesidade devido ao consumo exagerado de todos os tipos de proteínas, como por exemplo carne, leite e nozes. Os americanos deveriam se tornar vegetarianos. Hindus quase não têm proteína para comer e, por causa do fanatismo, abusam das dietas em que predomina o amido e, assim, morrem cedo e magros. Na Índia, os animais vivem mais do que os seres humanos.
Apenas como um meio para um fim, ou como medida temporária, a Índia atual precisa comer carneiro, bodes e aves até que possa conseguir leite e substitutos da carne em quantidades suficientes. A vida espiritual hindu, mesmo que sustentada pelo consumo de carne, faria mais benefício ao mundo do que a dos animais mudos, aos quais se permitem viver sem fazer nada. A vida humana é mais valiosa e útil a todas as criaturas do que a vida de qualquer animal. Se uma escolha tem de ser feita entre um ser humano comer carne para sobreviver ou morrer sem comer carne, e os animais sobreviverem e não serem comidos pelos homens, eu diria que os homens deveriam sobreviver às custas dos animais.
Ninguém pode escapar. Os animais são sacrificados contra suas vontades para alimentar o homem; este, então, contra sua vontade, tem de morrer para que sua carne recomponha os elementos químicos da Mãe Terra. Um bilhão e meio de pessoas multiplicado por 44,6 quilos de elementos químicos, que são retirados da terra em forma de vegetais a cada sessenta anos para alimentar as pessoas, devem, a um intervalo de cerca de sessenta anos, ser devolvidos ao solo para sustentar a saúde da Mãe Terra. Se os corpos de um bilhão e meio de pessoas, ao invés de se misturarem com o solo, evaporassem no éter a cada sessenta anos, então ao final de alguns milhares de anos, a Terra ficaria fraca e infértil, seria apenas um torrão desértico, habitado por seres humanos sempre-crescentes e devoradores como formigas.
Testes químicos que introduziram sangue de certos animais em seres humanos, mostram que algumas pessoas podem comer apenas a carne de certos animais. Esse é um meio científico moderno para demonstrar quais carnes específicas se harmonizam com cada indivíduo. Igualmente, nem todas as frutas e vegetais são apropriados para todas as pessoas. Algumas frutas causam alergias em certos indivíduos. Algumas pessoas ficam doentes quando comem cebola. Batata às vezes causa constipação. Algumas pessoas ficam muito doentes quando comem carne bovina, e outras sofrem de azia ao comerem frango. A maioria responde favoravelmente à ingestão da carne de carneiro. Descobriu-se que carne de carneiro é mais compatível com os elementos químicos dos seres humanos, do que qualquer outra forma de carne.
Em locais frios, como o Alasca, as pessoas bebem óleo e sangue de foca para se manterem aquecidas. Elas vivem de carne de peixe, foca, caribu e morsa. Assim como algumas pessoas comem vegetais e frutas secas, os esquimós comem carne seca quando um suprimento de fresca é difícil de se encontrar. Dizem que muitos esquimós morrem de tuberculose devido ao frio intenso. Algumas pessoas dizem que eles morrem devido à sua dieta de carne, enquanto outras acham que suas mortes prematuras devem-se ao fato de quererem viver a vida não-natural do homem branco.
Descobrimos através de estudos que ambos, vegetarianos e consumidores de carne, podem viver vidas saudáveis e longas. Jesus, Buda e São Francisco comiam carne, enquanto Shankara, Chaitanya e muitos santos crísticos da Índia não comiam carne. Em uma visão, São Pedro viu alguns animais e uma voz pediu que ele os matasse e comesse. O mandamento “Não matarás” destinava-se aos homens, não aos animais. Moisés e Jesus, ambos comiam carne, e foi Moisés quem transmitiu os dez mandamentos.
A vida se desenvolve de maneiras diferentes, nos seus diferentes estágios. Manifesta-se nos minerais, mas seus tecidos são duros e têm de ser reduzidos a pó e condicionados antes que possam ser absorvidos pelo organismo humano. Os minerais são emulsificados e transformados em forma orgânica na vida de vegetais para que possam ser consumidos pelos organismos menos duros de outros vegetais, animais e seres humanos. Os tecidos vegetais são macios, mas raramente mostram a presença de um forte sistema central, e quando os vegetais são abatidos com facas, eles nunca gritam de dor ou derramam sangue. Seu sangue é um fluido branco viscoso chamado seiva.
A vida desenvolve os tecidos de um peixe em tecidos mais complexos do que dos vegetais. A carne de peixe é em geral branca. Peixes têm sangue e um sistema nervoso, mas poucos peixes fazem qualquer som ou protestos quando são mortos. A vida evolui ainda para formas mais complexas de animais, portanto seus tecidos são diferentes do peixe. Animais protestam em voz alta durante o processo de matança. O boi e o porco, tendo sistema nervoso bem desenvolvido, sentem muita dor durante o processo a que são submetidos e protestam em alto e bom tom a qualquer tentativa que se faça de matá-los. Eles protestam mais violentamente do que o carneiro. Isto mostra que embora os animais não possam conversar inteligentemente como os humanos; ainda assim são evoluídos o suficiente para protestarem através de sons, que estão sentindo dor e não querem ser mortos.
O homem não é morto e consumido por outros homens, com exceção em tribos primitivas de canibais, porque ele pode protestar contra seu assassinato através de sons inteligíveis. Os homens não pensariam em matar animais se estes pudessem protestar contra a matança através da linguagem inteligível ou escrita perante um tribunal. Embora cães sejam consumidos em algumas partes do mundo, ainda assim ninguém pensa em matar um cão de estimação inteligente, quase humano, para servi-lo como repasto na mesa dos homens glutões. Assim, fica evidente, do ponto de vista do protesto sonoro, que o homem é a primeira criatura a recusar a matança e, portanto, não deve ser morto.
Em seguida vêm os touros, bois, vacas, porcos, entre outros, que protestam alto o bastante que não querem ser mortos – que têm a mente e a consciência evoluídas o suficiente para perceberem o amor pela autopreservação e a injustiça no ato de se infringir dor, e portanto não devem ser mortos. Parece que os mudos vegetais, peixes e animais mansos foram intencionalmente dotados pela Natureza de um sistema nervoso menos desenvolvido, que não registra tanto a dor nem provoca protestos na forma de sons durante a dor. Essa talvez possa ser uma das razões pelas quais essas formas menos desenvolvidas foram criadas para serem sacrificadas em prol da manutenção das formas de vida mais evoluídas.



(Título original: “Meat Eating versus Vegetarianism, by Swami Yogananda”, publicado na revista East-West, abril-maio de 1935.)

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Certezas

As vezes quando o sono foge
Me encosto na janela laranja de sempre
Eu lembro daquele lugar especial
Onde escreveste a primeira carta
De baixo da árvore ao final da rua sem saída
Lá onde ela lê seus livros de filosofia e escreve seus pensares
Muitas confidencias, sonhos e projetos foram feitos lá
Os sonhos sempre teremos, os projetos vão virar lembranças  
Lá naquele lugar eu tive uma certeza de momento
Mas de certezas já estamos cheios


Uma Geek Qualquer

Certa feita conheci uma menina diferente.  A menina dos olhos brilhantes. Ela se dizia uma "geek", mas eu não sabia o que isso significava. Pesquisei no tio Aurélio, mas em vão. Até agora não entendi bem essa expressão. Mas já sei que se for me basear no exemplo dela, então significa que todas as geeks são muito tri. Não sei explicar, mas elas são sorridentes, e tem algo especial. São artistas. Criam blogs e falam de coisas interessantes. Tem bom gosto musical. E sabem cantar a música do bolinho de arroz.  Só é uma pena elas não gostarem de Star Trek(mas é um defeito aceitável já que não tem como se sentir decepcionado de verdade vendo um sorriso tão meigo quanto o delas). Pintam seus quartos com sonhos(pintam de verdade). Não desistem de acreditar no amor. Sabem desenhar super bem. E ainda tem um sotaque bem bacana que parece que estende o "r". Mas quem sou eu pra falar em "erres" né? Queria que existissem geeks por aqui. Pois imagina só, poder marcar uma maratona de Star Wars e saber que não precisarei explicar o filme a cada minuto. Ou então ter longas conversas sobre lugares que existem apenas em nossas cabeças. E garanto que elas não achariam infantis minhas canecas de café. Enfim, quero uma geek pra mim. A menina que conheci é a Melanie que acabou me impressionando com este jeito especial de ser. Ela é tudo que disse ali em cima e ainda mais. Como pode assim alguém entrar em nossas vidas e parecer que está há anos? 
Melanie, espero que prossiga com teu blog, e que continuemos nossos sonhos. Pois ainda terei minha sala de comando do Star Trek. Interessante que enquanto escrevia estava ouvindo está música por várias vezes: Wild Child - This Place
Não percamos a capacidade de amar, de viver e nem a fé nas pessoas. Um simples sorriso ou alguma palavra certo no tempo certo pode ajudar alguém. Não sei porque falei isso, mas enfim. Vou deixar aqui em baixo o link para o blog da Mel. http://umageekqualquer.blogspot.com.br
"A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas"
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Nota mental 5

"O mundo vive de sofrimentos. Porém poucos são dignos de um coração bondoso" 
Anderson Dagen


domingo, 11 de outubro de 2015

Oswaldando Ramalhão

É muito quadro pr'uma parede
É muita tinta pr'um só pincel
É pouca água pra muita sede
Muita cabeça pr'um só chapéu
Muita cachaça pra pouco leite
Muito deleite pra pouca dor
É muito feio pra ser enfeite
Muito defeito pra ser amor
É muita rede pra pouco peixe
Muito veneno pra se matar
Muitos pedidos pra que se deixe
Muitos humanos a proliferar

"Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois"


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Rosa Negra

A rotina anestesiou o que sobrou do meu coração
A Rosa Negra de espinhos venenosos o furou
Tudo o que sentia de mágoa ou rancor não existe mais.
Apenas sinto o passar dos dias, meses e anos.
Pois o quão difícil é conviver com uma vida não vivida
O quão difícil é ver as oportunidades e não poder abraçar,
Pois algo dentro de mim está anestesiado, está inerte.
Sigo a maré do comum, do corrente.
"seguindo" a vida da forma mais mecânica possível,
Mais segura, mais confortável, mais “feliz”.
Para que seguir meus sonhos, se eu posso seguir os sonhos de outra pessoa?
Não quero me libertar. A dor não é meu caminho.
A sensação de conforto e prazer é inebriante.
Somente um tolo tentaria sair deste êxtase de vida.
Mas algo dentro do coração ainda não estava negro,
Restava alguma parte em que o veneno da rosa não havia chegado.


Lá neste pequeno espaço, no "calabolço" do coração, germina uma semente dourada da esperança. Que pode brotar até nos corações mais abalados, mais petrificados pelo dor humana. Neste coração a dor continuará. Porém com uma promessa de algo mais. Com uma sensação de que: Será que a vida é somente isso mesmo? 


Fotografado em Sapiranga/RS (Foto editada)

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Coração vazio

Será possível um coração vazio? 
Nada tem. Nem emoções, nem mágoas
Quisera eu estar imune de toda mágoa, toda decepção
Mas já dizia o grande Sábio:
"a felicidade está além dos sofrimentos que a vida oferece".